quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eli Reed conquista a crítica americana e se compara à Amy Winehouse


O chapéu de entregador de jornais herdado do avô rendeu não apenas um amuleto, hoje pendurado na parede do quarto do cantor e compositor Eli “Paperboy” Reed, em Boston, nos Estados Unidos.

A alcunha artística do garoto prodígio americano do neosoul, de 24 anos e apenas um disco lançado em abril, é inspirada no boné que usou em boa parte da adolescência.

– Eu meio que aposentei o chapéu. Ele passou por muitos bocados no decorrer dos anos e precisa de sérios reparos – diz Reed, em entrevista ao Jornal do Brasil, pouco antes de embarcar para a parte européia de sua turnê, com direito a apresentação no programa Later with Jools Holland, da rede BBC, nesta terça-feira em Londres.


No mesmo saco de Amy Winehouse
A simplicidade do som e da trajetória de Paperboy contrasta com as reações de seus admiradores: há quem o chame de o sucessor da cantora autodestrutiva Amy Winehouse.

Outra neodiva do soul com a qual é relacionado atende pelo nome de Duffy, a galesa que no Brasil estourou recentemente com o hit Mercy. O soulboy já abriu apresentações da loura.

– É bem legal ouvir novas músicas de artistas com influências interessantes. O que estou fazendo é bastante diferente do que o que elas fazem, mas está definitivamente no mesmo saco – reconhece o cantor, que se apresenta com a banda The True Lovers.

Após o lançamento do aclamado Roll with you veio o giro pelos Estados Unidos. No meio da viagem por palcos de costa a costa, começaram a brotar elogios de algumas das mais respeitadas publicações, entre elas The New York Times, Mojo e Billboard.

– É sempre estimulante ler críticas objetivas sobre meu disco. Não tenho uma favorita, mas sempre aprecio análises bem-fundamentadas. Sejam positivas ou negativas – garante o cantor.

Se o chapéu do avô o ajudou a escolher o nome profissional, o mesmo pode ser dito do repertório. Reed costumava ouvir os discos do pai, que era crítico musical. A coleção de LPs paterna ajudou a moldar suas composições.

– Ele era crítico, mas foi por pouco tempo. A coleção de discos dele e os conselhos de fato me ajudaram – explica o americano.

– Ele estava sempre por perto para discutir por quais motivos uma música era boa ou ruim.
Reed tem o hábito de reclamar em entrevistas que a música pop atual tende a ter mais ironia do que a encomenda: ser engraçadinho, para ele, está na moda.

– Não que isso me incomode. O que tento fazer é evitá-la. Eu sempre tento ser honesto com a minha música e expor meus sentimentos de forma direta.

O cantor também já disse que nunca quis ganhar dinheiro e fazer sucesso por meio de um revival do soul, por mais que faixas como a rascante It's easier e a explosiva (Doin' the) boom boom remetam à música feita nas décadas de 50 e 60.

– Tento fazer um som próprio sem pensar em tendências. Tocaria esse tipo de música e escreveria as mesmas canções independentemente do panorama musical – justifica-se.
E qual é o tamanho da coleção de discos da revelação do neosoul?

– Tenho mil LPs, 1.500 CDs e 5 mil compactos – contabiliza.

– Meu disco favorito, daqueles que sempre volto a escutar, é o do Sam Cooke ao vivo no Harlem Square Club. Tudo nele é perfeito.

A crítica publicada pelo jornal The New York Times deve estar, então, emoldurada e suspensa por um par de pregos assim como seu chapéu de entregador de jornais. Com que a “suavidade convincente” e o “R&B elegante e muscular” de Reed são comparados? Com os de ninguém menos do que Sam Cooke.

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